sábado, janeiro 23, 2010

FUGAZ ESTRELA DO DESEJO

de Oscar Portela


Por um fugaz instante
-aquele das fugacidades das estrelas
em um céu diáfano de estio -
quando o olhar lançado para
o abismo vê correr os astros
dentro da alma, como se esta fosse todo
o espaço cósmico – talvez adivinhei
tuas pernas talhadas por um Deus
e teu corpo fundido em bronze,
mas como a infância e o estio 
e as folhas e a água que não cessa,
ou os vagalumes que habitam as noites
e neste coração, tu já não estás senão
no imaginário do desejo de ti
astro fugaz, relâmpago e Perseu
que ainda estão aqui se alimentando
das palavras do poema.


II


E sem imagens como criar a ti 
sonho de sonho se da madeira
dos sonhos fomos feitos?


Como mover as águas do desejo
-o vórtice do desejo que devora 
os astros que imagino iluminam
fugazes outros mundos nos quais
sou atravessado pelo fogo e o
bronze de tua pele se funde aos meus delírios
teu corpo Leonardo me levanta
até o curso fugaz das estrelas
para me ungir de eternidade e mel
dos quais estás feito para que a
criança cósmica e solar tenham origem fúlgida
e domínio de sóis extinguidos
que voltam novamente
a estar em movimento por um fugaz
Instante para volver ao ser eternamente

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