quarta-feira, maio 28, 2008

DE QUE FALAR POIS?

Poema de Oscar Portela

A Vera Luz Laporta

E os altos pinheiros como altos amores
O mais longínquo bosque de abedul
Aonde se ocultam os mais intensos astros
E as raízes mais profundas enterradas
Nos fanais mais secretos e doces.

De que falas pois senão de nossa
Finitude, do amor e a morte?

Das folhas que caem no outono,
Dos Ocres que vestem a terra
E do corpo desnudo do mortal
-sua nudez magnífica de Adão -
Anjo caído espreitado por sombras
E sinistras derivas

De que falar senão daquelas
Que se avizinham e da Arca de Ouro
Do amor à terra e as raízes ocultas
Na origem da memória e a linguagem?

De que falar pois?

Corrientes, 24 de maio de 2008

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