sábado, novembro 29, 2008

OSCAR PORTELA E A NECESSIDADE DE RECUPERAR O OLHAR INOCENTE

de Mariela Mioni





















O escritor vive ultimamente uma etapa de plena produção literária. Em pouco tempo editará uma nova obra
O relativismo, a chatice cultural e intelectual do país, a anomia na sociedade em todos seus segmentos, a classe política ocupando-se somente do midiático, os ridículos e às vezes lamentáveis doações de gravatas Pierre Cardin e trajes de etiqueta dos setores mais enriquecidos de Buenos Aires que chegam nos pacotes de roupas para os pobres do Nordeste argentino, a vida virtual que gera Internet, a demagogia que praticam as grandes editoras a respeito dos autores e suas obras, são apenas alguns dos temas sobre os quais Oscar Portela não pode deixar de mencionar durante uma entrevista no “El Libertador”.

Nada passa despercebido à sua análise crítica da realidade e a esse nihilismo que o caracteriza e que se reflete em seus ensaios e notas periodísticas. É um leitor e um analista do cotidiano e, como sempre, o futuro que vislumbra nem sempre é o mais otimista.

Entretanto, sua produção literária passa hoje por um de seus melhores momentos e transita por uma etapa na qual decidiu dar uma virada de página em tudo o que escreveu anteriormente.

Assim está preparando a edição de Sinfonia Infernal, livro de poemas que tem a certeza, se editará brevemente.

Profundamente pagão, sustenta que nunca escreveu “como até agora. Sinto que volto de algum modo a reafirmar a inocência de que tudo o que vive, existe. Volto como André Gide, ao sentido da inocência, ao sentido da terra, a corporeidade, a carne. Um pouco desta maneira nasce sua Ode a Luz-Bell ou o Poema aos Adamitas.

Portela vem do lançamento, nos últimos meses, de seus trabalhos literários em Buenos Aires, em Paso de los Libres e Uruguaiana. E enquanto termina de preparar Sinfonia Infernal, continua escrevendo com o convencimento de que “há que se dizer para ser e não ser para dizer”.

Todo o tempo se nota que “há gente que tem que estar para ser e não ser para poder estar”, comenta com um jogo de palavras, mas também com toda uma intencionalidade a respeito de algumas personagens do cotidiano que soem cair na mera repetição de ditos e frases comuns.

À sua produção literária soma-se agora suas intenções de aprender a pintar para “poder expressar aquilo que não se pode fazer com palavras, a imagem, a cor, a forma, são muito mais diretas, apelam diretamente às sensações e hoje tenho uma necessidade de expressar-me desse modo”(...)

Por muito tempo Oscar Portela se sentiu silenciado em sua terra, mas hoje descobriu um mundo muito mais amplo através da Internet, de contato com seus leitores, a maioria dos quais se encontram precisamente em outras latitudes e longitudes do mundo: “me lêem muito mais lá fora, do que em meu lugar”(...)

Sem dúvida, Oscar Portela é um dos poucos poetas correntinos comprometidos com a realidade. Alguém capaz de ler nas páginas do cotidiano: uma característica que não muitos detém e que por essa razão deveriam ser muito mais aproveitados como fonte de consulta por uma sociedade sem rumos claros.

Fonte (em castelhano): http://www.wikio.es/article/80198589

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